Vídeos mostram momento em que PM do Bope atira e mata Herus durante operação no Santo Amaro
05/12/2025
(Foto: Reprodução) MPRJ denuncia dois PMs pelo homicídio qualificado de Herus Mendes no Santo Amaro, no Rio
Vídeos das câmeras corporais dos PMs que participaram da operação que terminou com a morte de Herus Mendes, em junho deste ano no morro Santo Amaro, mostram o momento em que o homem foi baleado.
O material foi obtido com exclusividade pelo g1 e pela TV Globo. Os vídeos e a análise das provas levaram o Ministério Público a denunciar o sargento Daniel Sousa da Silva e o tenente Felippe Carlos de Souza Martins por homicídio qualificado.
"A movimentação corporal de Herus Guimarães Mendes era inequivocamente compatível com a busca por abrigo e proteção, e não com qualquer ato de agressão ou ameaça", diz a denúncia do MPRJ.
Na denúncia do Grupo de Atuação Especializada em Segurança Pública (Gaesp), o MP diz que os policiais sabiam da perigosa proximidade do local onde estavam os traficantes procurados e o ponto onde era realizada a festa junina no morro Santo Amaro.
Os promotores ainda discordam frontalmente do relatório da Delegacia de Homicídios da Capital, que diz que o Daniel agiu em legítima defesa putativa (quando age pensando que está sob uma ameaça que não é real).
Herus Guimarães Mendes
Reprodução
O relatório diz que o policial levou dois segundos entre avisar ao jovem para que viesse ao seu encontro e atirar contra Herus, pensando que supostamente fosse uma ameaça. No entanto, os vídeos mostram que, entre os gritos e os tiros, a duração é de um segundo.
Segundo o MPRJ, a conclusão da Polícia Civil é "no mínimo inusitada", e que as provas não corroboram a avaliação da DH de que um suposto movimento brusco de Herus poderia representar uma ameaça para o policial Daniel de Sousa, que atirou na vítima.
De acordo com o Gaesp, o sargento Daniel Sousa da Silva assumiu o risco de matar quando efetuou disparos de arma de fogo contra o rapaz. O policial foi denunciado por ter atirado e matado a vítima por ela supostamente ter feito menção de correr, além de estar desarmado e de costas para os agentes do Bope.
Já o tenente Felippe Carlos de Souza Martins foi denunciado por homicídio qualificado por não ter mantido a operação mesmo com a realização de uma festa junina no Santo Amaro naquela madrugada.
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A defesa dos agentes do Bope afirmou que Daniel não tinha nenhuma intenção de matar a vítima.
“Os policiais já tinham informações de que traficantes estavam naquele local. Ao chegar à comunidade, foram fortemente atacados pelos criminosos. Não restou ao policial alternativa senão se defender e proteger sua patrulha. O Ponta 1 jamais teve a intenção de matar; ele apenas reagiu para defender a própria vida e a de sua patrulha”, explicou o advogado de defesa, Patrick Berriel.
Protesto após morte de office-boy no Morro Santo Amaro
Jefferson Monteiro/TV Globo
DH diz que PM agiu em legítima defesa
DH conclui investigação sobre morte de jovem durante festa junina no Santo Amaro
No relatório final da Delegacia de Homicídios, a Polícia Civil afirmou que o PM Sargento Daniel Sousa da Silva agiu em legítima defesa putativa (quando age pensando que está sob uma ameaça que não é real).
Segundo a polícia, é um caso de excludente de ilicitude, quando as circunstâncias não permitem a responsabilização penal do agente.
Segundo a DH, o PM estava em uma área de intenso confronto, pediu que Herus fosse até ele e viu um objeto reluzente na mão direita do jovem, que era seu celular, em um cenário "caótico, hostil e típico de confronto armado"
De acordo com o relatório da Polícia Civil, nenhuma arma foi encontrada com a vítima, que não apresentava uma ameaça real.
Imagens das câmeras analisadas pela DH mostram que Herus estava no topo de uma escadaria, de casaco preto, capuz e short preto. O policial, por sua vez, estava em uma escada estreita, em posição de desvantagem e sem abrigo disponível, segundo a polícia.
Uma câmera de um dos policiais registra o momento que um PM pergunta a outro se a vítima, caída na escada já agonizando, era "band", referindo-se à palavra bandido. Não é possível ouvir a resposta do policial.
Segundo o documento, Herus foi morto por um erro do sargento Daniel, "plenamente justificável pelas circunstâncias". A vítima foi levada para o hospital por uma equipe do Bope.